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Epilepsia

A epilepsia é uma doença cerebral definida por qualquer uma das seguintes condições1:

  • Pelo menos duas crises epiléticas espontâneas (i.e. não provocadas) ou reflexas, ocorrendo com mais de 24 horas de intervalo;
  • Uma crise não provocada (ou reflexa) e uma probabilidade de novas crises semelhante ao risco geral de recorrência (pelo menos 60%) após duas crises espontâneas, no decurso dos 10 anos seguintes;
  • Diagnóstico de uma síndrome epilética.

Uma crise epilética é definida como “a presença de sinais e/ou sintomas transitórios resultantes de uma atividade neuronal síncrona e excessiva”2. As crises são classificadas como tendo início focal, generalizado ou desconhecido (primeiro nível de diagnóstico)3.

Quanto ao tipo (segundo nível de diagnóstico), as epilepsias podem ser classificadas como focais, generalizadas, focais e generalizadas em conjunto ou desconhecidas. Quanto à etiologia da epilepsia, esta pode ser estrutural, genética, infeciosa, metabólica, imunológica ou desconhecida. O terceiro nível de diagnóstico corresponde à determinação da síndrome epilética (conjunto de características que tendem a ocorrer em associação e que englobam o tipo de crises, o eletroencefalograma e as alterações imagiológicas)3.

A epilepsia é considerada resolvida em indivíduos com síndrome epilética dependente de idade, tendo ultrapassado a idade em que as crises ocorrem habitualmente nessa síndrome; ou doentes que permaneceram sem crises por pelo menos 10 anos, sem medicação antiepilética nos últimos 5 anos1.

Em Portugal, estima-se que a epilepsia atinja 4 a 7 por cada 1000 habitantes, sendo que o número de pessoas que, não sendo epiléticas, poderá ter uma crise convulsiva ao longo da vida, está estimado em cerca de 1 em cada 204.

Referências:

  1. Fisher RS, Acevedo C, Arzimanoglou A, et al. ILAE official report: a practical clinical definition of epilepsy. Epilepsia. 2014;55(4):475-482. doi:10.1111/epi.12550.
  2. Fisher RS, Cross JH, French JA, et al. Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy: Position Paper of the ILAE Commission for Classification and Terminology. Epilepsia. 2017;58(4):522-530. doi:10.1111/epi.13670.
  3. Scheffer IE, Berkovic S, Capovilla G, et al. ILAE classification of the epilepsies: Position paper of the ILAE Commission for Classification and Terminology. Epilepsia. 2017;58(4):512-521. doi:10.1111/epi.13709.
  4. Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. Epilepsia e Generalidades. Disponível em: http://static.lvengine.net/epilepsia/Imgs/GENERALIDADES(1).pdf

 

Doença Bipolar

A perturbação bipolar caracteriza-se pela ocorrência de episódios maníacos ou hipomaníacos sendo que a grande maioria dos indivíduos também experienciará episódios depressivos major durante o curso das suas vidas. A perturbação bipolar I caracteriza-se pela ocorrência de episódios maníacos sindromáticos completos, ao passo que a perturbação bipolar II requer a experiência ao longo da vida de pelo menos um episódio depressivo major (sendo significativa a quantidade de tempo que os indivíduos com esta condição passam em depressão) e pelo menos um episódio hipomaníaco (uma forma atenuada de mania)1.

Por vezes, poderão coexistir características maníacas e depressivas num mesmo episódio (ou sintomas de polos opostos), definindo-se estes episódios como tendo características mistas. Quando ocorrem 4 ou mais episódios de humor (de qualquer polaridade), no período de 1 ano, utiliza-se o especificador “com ciclos rápidos”1.

A doença bipolar afeta aproximadamente 1% da população; em conceptualizações mais amplas, incluindo o denominado espetro bipolar, a prevalência aumenta até pelos menos aos 2,5% da população, significando que 1 em cada 40 indivíduos no mundo tem sintomas compatíveis com bipolaridade2. Em Portugal, a prevalência anual da doença bipolar está estimada em 1,1% (das quais 45,5% corresponderão a perturbações graves, i.e., perturbação bipolar I), enquanto a prevalência de vida está estimada em 2,6% da população3.

Embora o nível de funcionamento possa retornar ao normal entre episódios da perturbação bipolar I, cerca de 30% dos doentes mostram incapacidade grave no trabalho. Na perturbação bipolar II, pelo menos 15% dos doentes mantém algum nível de disfunção entre episódios e 20% transita diretamente entre episódios sem recuperar entre os mesmos. Em ambos os tipos de perturbação bipolar, é frequente a recuperação funcional e ocupacional ficar muito aquém da recuperação sintomática. Adicionalmente, estão muitas vezes presentes défices cognitivos que podem persistir mesmo em períodos de humor eutímico1.

 Referências:

  1. American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.
  2. Malhi GS, Bell E, Boyce P, et al. The 2020 Royal Australian and New Zealand College of psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders: Bipolar disorder summary. Bipolar Disord. 2020;22(8):805-821. doi:10.1111/bdi.13036.
  3. Caldas de Almeida JM, Xavier M. Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental. Disponível em: http://www.fcm.unl.pt/main/alldoc/galeria_imagens/Relatorio_Estudo_Saude-Mental_2.pdf

 

Depressão

As perturbações depressivas incluem um conjunto de condições clínicas que têm como característica comum a presença de tristeza, vazio ou humor irritável, acompanhada de alterações somáticas e cognitivas que afetam de forma significativa a capacidade de funcionamento do indivíduo1.

A perturbação depressiva major caracteriza-se pela ocorrência de episódios depressivos distintos, com pelo menos 2 semanas de duração (embora frequentemente a duração seja consideravelmente mais longa), que envolvem sintomas afetivos, cognitivos e neurovegetativos. Na maioria dos casos, a perturbação depressiva major é uma condição recorrente1.

A nível global, a prevalência anual da depressão major é de 6%, com uma prevalência ao longo da vida de 11,1% a 14,6%. Em Portugal, a prevalência anual e de vida da depressão major são de 6,8% e 16,7%, respetivamente3.

O impacto no funcionamento da depressão é variável em função dos seus sintomas individuais podendo, em alguns casos, conduzir a uma completa incapacidade funcional, inclusivamente com a impossibilidade de realizar necessidades básicas de autocuidado. Em contexto médico geral, a presença de depressão major associa-se a mais queixas dolorosas e doenças físicas e a maior diminuição no funcionamento físico e social1.

Muitas vezes, a insónia é a queixa de apresentação da depressão major1. A insónia está presente em 67% a 84% dos adultos com depressão e sintomas mais graves de insónia associam-se a maior incapacidade funcional e maior gravidade dos sintomas da depressão. Os sintomas de insónia persistem frequentemente, encontrando-se em 94,6% dos doentes em remissão incompleta e mesmo em 72% daqueles em remissão completa após o tratamento antidepressivo4.

Referências:

  1. American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition. Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.
  2. Malhi GS, Bell E, Singh AB, et al. The 2020 Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for mood disorders: Major depression summary. Bipolar Disord. 2020;22(8):788-804. doi:10.1111/bdi.13035.
  3. Caldas de Almeida JM, Xavier M. Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental. Disponível em: http://www.fcm.unl.pt/main/alldoc/galeria_imagens/Relatorio_Estudo_Saude-Mental_2.pdf
  4. Asarnow LD, Manber R. Cognitive Behavioral Therapy for Insomnia in Depression. Sleep Med Clin. 2019;14(2):177-184. doi:10.1016/j.jsmc.2019.01.009.

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